Crise catalisa conflitualidade entre seguradoras e oficinas
O setor automóvel passa por uma conjuntura relativamente difícil. Como tal, as seguradoras que apostam no ramo automóvel e as oficinas de reparação, que são duas entidades em relação aos quais nos temos vindo a debruçar, sofrem com isso.
Particularmente, a relação entre as duas, pode sofrer interferências da crise, já que como sabemos, as dificuldades propiciam a conflitualidade.
Oficinas sentem quebras
Pela positiva, para as oficinas, a diminuição do número de automóveis vendidos leva os consumidores a manterem as suas viaturas usadas mais tempo, que exigem um aumento do número de intervenções.
No entanto, a diminuição do número de viaturas em circulação implica menos idas à oficina, e principalmente, um mneor número de sinistros.
Se estas duas realidades se poderiam anular, o que na realidade acontece é que a escassez de recursos financeiros das famílias afasta-as das oficinas, mesmo quando os seus veículos necessitam desses serviços.
Seguradoras com apólices anuladas
Da mesma forma que as pessoas se “desleixam” nas idas à oficina, com as revisões dos seus automóveis, o conserto de pequenos toques e a substituição de componentes, também deixam de pagar as suas apólices de seguro automóvel.
Contando com menos receitas, as seguradoras tendem a cortar ainda mais nos orçamentos das reparações relacionadas com colisão.
Quem mais sofre com isto são as oficinas, pois as seguradoras são senhoras da maior fatia das reparações, sem as quais, muitas oficinas não sobreviveriam.
Muitas oficinas esforçam-se em implementarem critérios e processos de reconhecida qualidade técnica nas áreas da reparação de carroçarias e gestão oficinal, seguindo mesmo o disposto pelo Centro Zaragoza – um centro de investigação especialista em reparação automóvel, fundado por seguradoras e regulador das boas práticas de reparação de veículos.
No entanto, as oficinas queixam-se que os tempos de reparação estipulados pelo Centro Zaragoza são ideias e não implementáveis na sua totalidade nas oficinas reais.
Não raramente, os peritos enviados pelas seguradoras, exigem-nos às oficinas, chegando também a não aceitarem o valor da mão-de-obra, e a imporem fornecedores de peças “estranhos” às oficinas.
Os gabinetes de peritagem são avaliados e premiados consoante o custo médio de reparação conseguido, e como tal, pressionam as oficinas para conseguirem o custo mais baixo possível e assim, mais ganharem com isso.
Se em tempos de “vacas gordas”, muitos destes aspetos podem ser ultrapassados com alguma cedência e bom senso, atualmente, cada milímetro cedido em relação aos interesses particulares de cada parte, é excessivamente negociado, regateado, e disputado.