Crédito pessoal UP crédito habitação down

Numa altura de crise financeira e de desemprego, onde já assistimos por diversas vezes a discursos de banqueiros, mais ou menos inflamados, a apelarem à poupança e a anunciarem a morte do crédito fácil e barato, estranha ler o último relatório do Banco de Portugal e constatar dois cenários completamente distintos: um que corrobora estes apelos, e um outro que os descredibiliza por completo. Se os bancos por via dos spreads que praticam estão a penalizar imenso o crédito à habitação, pela mesma via parece andarem a promover o crédito pessoal.

O crédito ao consumo, o crédito feito através dos cartões de crédito ou mesmo o crédito automóvel inverteram neste primeiro trimestre de 2010 a tendência que se manifestava já há alguns meses, de franca descida, e assistiram a uma diminuição dos spreads com que os bancos os praticam. Por outras palavras, tornaram-se mais apelativos. Contra isto não temos nada … oxalá ainda diminuíssem mais.

O problema, ou a contradição está quando analisados os spreads do crédito à habitação. Os números do relatório trimestral do Banco de Portugal evidenciam um cenário de crédito à habitação altamente contrastante com o do crédito pessoal. No crédito habitação, os spreads praticados são cada vez maiores, tendo o spread médio atingido os 2.25%, bastante próximo do seu máximo histórico.

Pese este facto, os novos contratos de crédito à habitação aumentaram 29% face ao mesmo período de 2009, o que é inédito desde 2008, mesmo com um spread médio quase a bater records, que já atinge os 2.25%.

Parece que afinal a Banca portuguesa está-se a dar muito bem nesta conjuntura de crise económica. Está a fazer mais empréstimos e a cobrar-se bem mais por eles –  com spreads mais altos, e está a remunerar pior os clientes que têm depósitos – a esses pagam cada vez menores taxas de juro.

 

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