Fundos de private equity aumentam riscos nas seguradoras
Os fundos de private equity têm transformado os modelos de negócio das seguradoras de vida em que investem, criando riscos que podem ser exacerbados pelo aumento das taxas de juro. Segundo investigadores do Banco de Pagamentos Internacionais (BIS), estas mudanças estão a tornar as seguradoras mais dependentes de investimentos em mercados privados e de acordos complexos de resseguro. Este cenário aumenta a exposição a ativos ilíquidos, o que pode gerar perdas ou dificuldades de liquidez, especialmente em períodos de volatilidade económica.
Impacto dos fundos de private equity nas seguradoras
Nos últimos anos, empresas de private equity têm adquirido seguradoras, utilizando-as como uma fonte de capital para investir em ativos alternativos, como private equity ou mercados de dívida privada. Esta estratégia tem gerado lucros significativos para as seguradoras, permitindo-lhes oferecer apólices a preços mais competitivos. Contudo, os investigadores do BIS alertam para a crescente complexidade dos modelos de negócio destas seguradoras e para a sua maior exposição a ativos ilíquidos, o que pode levar a uma crise de liquidez em momentos de crise económica.
Estas seguradoras, agora controladas total ou parcialmente por fundos de private equity, tendem a investir em ativos originados por essas mesmas empresas de buyout com o dobro da frequência em comparação com seguradoras que não têm envolvimento de private equity. Este padrão de investimento levanta preocupações sobre potenciais conflitos de interesse e a gestão de ativos difíceis de avaliar, podendo agravar o risco de perdas.
Reestruturação e acordos de resseguro complexos
Os fundos de private equity também têm impulsionado a utilização de acordos de resseguro mais complexos, nos quais as seguradoras assumem as responsabilidades de outras empresas, em troca dos ativos que as sustentam. Estes contratos podem complicar a avaliação dos riscos e a monitorização da exposição a ativos ilíquidos, exigindo uma supervisão rigorosa a nível global. Os investigadores do BIS destacam a importância de uma supervisão abrangente e de uma análise rigorosa de riscos sistémicos para garantir a estabilidade do setor segurador, que se torna mais vulnerável à medida que estas práticas se expandem.
Riscos associados à valorização de ativos ilíquidos
Uma das principais preocupações identificadas no relatório é o risco de “subvalorização estratégica” de ativos ilíquidos e difíceis de avaliar, especialmente em seguradoras geridas por empresas de private equity que carecem de um quadro de governação adequado. Este risco pode ser amplificado em períodos de instabilidade financeira, quando a capacidade de liquidez de uma seguradora pode ser subitamente pressionada. Em situações extremas, pode resultar em perdas significativas para as seguradoras e os seus segurados, uma vez que os fundos de private equity podem não ter a flexibilidade necessária para gerir essas exposições de forma eficaz.
Concentração no mercado norte-americano e impacto global
O aumento do investimento de private equity no setor segurador, particularmente nas seguradoras de vida, tem sido mais acentuado nos Estados Unidos. Embora esta atividade tenha crescido rapidamente, ela permanece concentrada principalmente no mercado norte-americano. No entanto, os investigadores do BIS alertam que a complexidade e os riscos associados a esta concentração podem ter repercussões internacionais, uma vez que os mercados financeiros globais estão interligados.
Para enfrentar esses desafios, os investigadores recomendam uma maior cooperação internacional entre reguladores e uma supervisão mais rigorosa de grupos de seguradoras que operam com esses modelos de negócio mais complexos, para garantir que o impacto de crises localizadas não se alastre a nível global. Saiba mais detalhes sobre a atividade seguradora internacional.