Evolução recente da atividade dos Seguros em Portugal
O mercado de seguros em Portugal apresenta uma dualidade marcante: o país está entre os que têm menor percentagem de trabalhadores no setor de atividade financeira e segurador na União Europeia, com apenas 2,3%. No entanto, a produção global de seguro direto cresceu 13,6% no primeiro trimestre de 2024, impulsionada por aumentos significativos nos ramos Vida e Não Vida. Este crescimento reflete a eficiência e a capacidade do setor de gerar valor económico com uma força de trabalho reduzida. O artigo explora as razões por trás desta dualidade, analisa o impacto económico dos seguros em Portugal e discute os desafios e perspectivas futuras para o mercado segurador nacional.
Os seguros em Portugal apresentam uma dualidade interessante: por um lado, o país ocupa o quarto lugar entre os Estados-membros da União Europeia com a menor percentagem de trabalhadores no setor de atividade financeira e segurador (2,3%); por outro lado, a produção global de seguro direto cresceu 13,6% no primeiro trimestre de 2024. Esta dicotomia levanta questões sobre a estrutura e o dinamismo do mercado segurador português.
Crescimento da Produção de Seguro Direto
A produção global de seguro direto em Portugal aumentou 13,6%, atingindo mais de 3,5 mil milhões de euros no primeiro trimestre de 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Este crescimento foi impulsionado por um aumento significativo de 18,8% na produção do ramo Vida e 9,9% no ramo Não Vida. Segundo o Relatório de Evolução da Atividade Seguradora do 1.º Trimestre de 2024 da Autoridade Supervisora de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), os seguros de vida Não Ligados cresceram 35,4%, com destaque para os produtos PPR (33,7%) e outros seguros de vida Não Ligados (36,3%).
Os ramos Não Vida também apresentaram um crescimento notável, com o ramo Doença aumentando 17,7% e os Acidentes de Trabalho subindo 11,2%, representando 24,3% e 19,1% da produção, respetivamente.
Contexto Europeu e Emprego no Setor
Apesar do crescimento no mercado segurador, Portugal continua a ter uma baixa percentagem de trabalhadores no setor de atividade financeira e segurador, com apenas 2,3% do total de pessoas empregues na economia empresarial interna em 2021. De acordo com os dados da Eurostat, esta taxa é inferior à média da União Europeia, que se situa em 3,1%. Esta discrepância pode ser explicada pela estrutura do mercado de trabalho português, que tem uma maior concentração em setores como a indústria, construção e serviços, excluindo o setor público, agricultura e pesca.
Luxemburgo, com 12,1%, Chipre (5,7%) e Irlanda (5,6%) lideram a lista de países com maior percentagem de trabalhadores no setor financeiro e segurador. No extremo oposto, além de Portugal, estão a Lituânia (1,8%), a Roménia (2,1%) e a Chéquia (2,2%).
Impacto Económico dos Seguros em Portugal
Apesar da baixa percentagem de trabalhadores, o setor de seguros contribui significativamente para a economia empresarial portuguesa. Em termos de valor acrescentado, Portugal ocupa a 10.ª posição, com o setor representando 9,9% da economia empresarial do país. Este indicador mostra a importância económica do setor, mesmo com uma força de trabalho relativamente pequena.
No primeiro trimestre de 2024, o valor das carteiras de investimento das empresas de seguros em Portugal totalizou 50,5 mil milhões de euros, um aumento de 0,3% face ao final de 2023. As provisões técnicas, que correspondem aos fundos que as seguradoras devem manter para cobrir os compromissos com os clientes, atingiram 42,6 mil milhões de euros, crescendo 0,2% em relação ao final do ano passado.
Desafios e Perspectivas para os Seguros em Portugal
Os dados revelam uma dualidade no setor de seguros em Portugal: enquanto a produção e o valor acrescentado crescem, a percentagem de trabalhadores permanece baixa. Este cenário pode indicar um mercado altamente eficiente e automatizado, com uma forte capacidade de gerar valor económico com uma força de trabalho reduzida.
No entanto, é crucial considerar os desafios futuros. O aumento do rácio de solvência para 203% e o requisito de capital mínimo (MCR) para 620% no final do primeiro trimestre de 2024 destacam a necessidade de solidez financeira e gestão de riscos robusta para as seguradoras. Este ambiente regulatório rigoroso é essencial para garantir a proteção dos tomadores de seguros e a estabilidade do mercado.
A Importância dos Seguros em Portugal
Os seguros em Portugal desempenham um papel vital na economia, oferecendo segurança financeira e proteção contra riscos para indivíduos e empresas. Embora o setor empregue uma pequena percentagem da força de trabalho, a sua capacidade de crescimento e contribuição para o valor acrescentado económico são inegáveis. À medida que o mercado evolui, será interessante observar como as seguradoras portuguesas continuam a adaptar-se às mudanças económicas e regulatórias, mantendo o crescimento e a sustentabilidade a longo prazo.