Semanário Económico constata importância do mediador de seguros
O Semanário Económico fez um estudo sobre seguros automóvel. Embora tendo concluído que os seguros mais baratos são os das seguradoras low-cost – conforme a Seguros-Mais tem dito aos seus leitores em variadíssimos artigos, concluiu também que os seguros das companhias ditas tradicionais têm geralmente outras coberturas incluídas, e que fazer o seguro por intermédio de um mediador sai quase sempre mais barato.
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Muita oferta significa concorrência e preços mais baixos mas também maior dificuldade de escolha. Entre as seguradoras ditas “tradicionais” e as telefónicas, as últimas sobressaem pelos preços praticados, mas é preciso ter em atenção as coberturas incluídas e o atendimento prestado. O Casual (suplemento do Semanário Económico) procurou saber quais as melhores opções do mercado.
Que seguradora escolher, que coberturas contratar?
Subscrever um seguro automóvel pode ser uma verdadeira dor de cabeça. Franquias fixas, franquias percentuais, valores de responsabilidade civil, coberturas adicionais de ocupantes, de assistência em viagem, de protecção jurídica, de fenómenos da Natureza, de actos de vandalismo. O questionário é longo e a oferta de seguradoras mais que muita. De acordo com dados disponibilizados pela Associação Portuguesa de Seguradores, existem actualmente cerca de 35 seguradoras automóvel a operar em Portugal.
O Casual contactou as telefónicas OK Teleseguro, Seguro Directo, Logo Seguros, N Seguros e Seguros Continente, as três últimas a operar há muito pouco tempo no mercado. Importa ressalvar que a Seguros Continente é uma mediadora e não uma seguradora, visto comercializar seguros já existentes no mercado e não produtos próprios. Foram ainda contactadas as cinco maiores seguradoras de ramos reais presentes no mercado nacional: Fidelidade-Mundial, Império-Bonança, AXA, Tranquilidade e Zurich.
O estudo do Semanário Económico peca neste facto. ao apenas considerar as cinco maiores seguradoras tradicionais, quando em relação às seguradoras chamadas low-cost considerou TODAS.
A primeira diferença surge no atendimento
Enquanto nas telefónicas o contacto só é possível através do telefone ou da Internet, processando-se assim através de um call-center, nas chamadas companhias de seguros tradicionais o cliente é geralmente remetido para um mediador de seguros ou corretor que o acompanhará ao longo da vigência da sua apólice.
O Casual solicitou duas simulações para o caso tipo apresentado para um seguro de responsabilidade civil e para um seguro de danos próprios. Foram também sempre solicitados, para ambos os casos, as coberturas ou pacotes mínimos, de forma a conseguir alcançar uma base comparável. Ainda assim, dadas algumas possíveis discrepâncias nos serviços incluídos e nos meios contactados (call-centers, gabinetes de comunicação e mediadores), os valores apresentados mais do que taxativos, serão indicativos.
Telefónicas são as mais baratas mas…
Um primeiro padrão salta à vista: as seguradoras telefónicas são as que conseguem praticar preços mais em conta. E a explicação é simples: “Elas não têm uma estrutura de custos fixos como têm as tradicionais, que têm agências e centenas de empregados em todo o País. As telefónicas funcionam com um call-center, logo os custos fixos são muito mais reduzidos”, ressalva Mónica Dias, especialista de seguros numa associação dita de defesa do consumidor.
Para o caso do seguro de responsabilidade civil, a “campeã” dos preços baixos é a OK Teleseguro. Neste caso, assim como nas restantes telefónicas, estão implícitas apenas as coberturas de responsabilidade civil obrigatória (no caso a mínima 1,8 milhões de. euros), assistência em viagem e protecção jurídica. De notar que em todas as seguradoras “tradicionais” consultadas está também incluída a protecção ao condutor. Esta cobertura é a única forma de garantir os danos corporais do condutor do veículo, uma vez que o seguro de responsabilidade civil cobre os danos dos passageiros do veículo mas não do condutor.
Em caso de sinistro e ferimento dos passageiros estes recebem indemnizações cumulativas. Ou seja, provenientes da cobertura de ocupantes e da cobertura de responsabilidade civil. Nas telefónicas, esta cobertura é opcional. Já no que toca ao seguro de danos próprios é a N Seguros quem se destaca (a Seguros Continente apresentou um valor mais baixo mas não é seguradora e sim mediadora). Além de protecção em caso de choque, colisão e capotamento, incêndio, raio e explosão e furto ou roubo – que são, regra geral, as situações contidas em qualquer seguro de danos próprios – e das coberturas já dadas pelo seguro de responsabilidade civil, inclui ainda a quebra isolada de vidros.
De notar que, embora as seguradoras tradicionais sejam mais caras têm geralmente outras coberturas incluídas. É o caso da AXA, da Tranquilidade ou da Fidelidade, que incluem ainda a protecção contra fenómenos da Natureza.
Contactar um mediador sai quase sempre mais barato
A questão dos mediadores é também importante ter em atenção as discrepâncias de valores entre contactar directamente uma seguradora ou fazê-lo através de um mediador. Embora possa parecer contrário ao senso comum, visto existir um intermediário no processo, contactar um mediador sai quase sempre mais barato, e as diferenças podem ser relevantes.
Exemplo disso foi o que aconteceu no caso da Império-Bonança. Os valores apresentados, e que são os mais elevados de entre as seguradoras consultadas, resultam de uma simulação junto do call-center. Contactado mais tarde por um mediador, o Casual ficou a saber que, por exemplo no caso do seguro de responsabilidade civil, o valor poderia descer para quase metade.
Responsabilidade civil vs danos próprios
Ao subscrever ou transferir um seguro automóvel, a primeira escolha que terá de fazer é ficar-se pelo seguro de responsabilidade civil, o qual é obrigatório – sendo a sua ausência passível de apreensão e venda em hasta pública do veículo, além de coima de 500 a 2500 euros – ou subscrever um seguro de danos próprios. A sua decisão deverá depender, principalmente, do valor comercial do automóvel.
Além das coberturas já citadas, que geralmente integram os seguros de danos próprios, o cliente poderá ainda optar por: protecção contra fenómenos da Natureza (uma opção que poderá ser importante para quem viva em zonas dadas a inundações, por exemplo); riscos sociais e políticos; actos de vandalismo (uma opção que dependerá, por exemplo, da existência ou não de garagem, ou da zona de residência do segurado); assistência em viagem (uma cobertura barata mas que regra geral já está incluída no pacote); veículo de substituição; e protecção jurídica – uma cobertura que Mónica Dias não considera de “grande utilidade”.
Escolher a franquia mais indicada num seguro de danos próprios
Além da necessidade de certas coberturas, as escolhas dependerão obviamente do bolso de cada um. Já que, quantas mais coberturas adicionais subscrever, maior será o prémio final. Outra questão com a qual se verá confrontado é com a escolha da franquia. A larga maioria das companhias de seguros trabalha com uma franquia percentual (que pode ir de 2% a 20%), embora existam também algumas com franquia fixa (geralmente de 250 euros a 750 euros). Quanto maior a franquia, menor o valor do prémio. A franquia corresponde ao valor que será pago pelo segurado em caso de sinistro. Ou seja, no caso utilizado o carro tem um valor comercial de cerca de 27.700 euros. Se aplicar uma franquia de 2% esta terá um valor de 554 euros. O que significa que, qualquer reparação até esse valor é paga pelo segurado. Já se tiver um prejuízo de 1000 euros, a seguradora pagará a diferença, ou seja, 446 euros.
Suplemento Casual do Semanário Económico