PPR do Estado – é para acreditar ?
O Estado decidiu lançar um PPR Público complementar ao sistema de reformas da segurança social. Trezentos portugueses acorreram ligeiros a comprometerem as suas poupanças no primeiro dia em que o novo produto pode ser subscrito. Facto assinalável, tanto mais que está muito enraizada no carácter lusitano a espera pelo fim do ano, deixando tudo para a última e olhando mais à devolução de IRS no ano seguinte que propriamente aos rendimentos de um longínqua reforma.
Pedro Marques Pereira, do Diário Económico tentava explicar toda esta excitação excitação:
– Será por os mercados estarem nesta actual conjuntura bastante perigosos?
– Terá a ver com a solidez da entidade que está por detrás destes planos – o próprio Estado?
Ora, é aqui neste ponto que se nos oferece dizer algo.
Será que o português comum ainda associa ao Estado a imagem de solidez? É ou era sabido (a questão é mesmo esta) que o Estado paga tarde mas não falha. Mas eis que ultimamente todos sentimos que o Estado até poderá vir sempre a pagar, mas anda com uma enorme apetência para mudar as regras do jogo a meio do campeonato.
Não é verdade que ainda recentemente muitos portugueses que se preparavam para se aposentarem no curto prazo viram a idade de reforma alargada e as regras de cálculo das suas pensões drasticamente alteradas!?
Quem nos garante que o senhor Estado não invocará as mesmas razões de interesse nacional para daqui a uns anos transformar os PPR do Estado num produto bem menos atractivo do que nos parece hoje? Gorando as legítimas expectativas dos 300 que acorreram no primeiro dia e de tantos outros que se seguirão?
Lembram-se dos certificados de aforro?