Deverei manter a ADSE ou optar por um seguro de saúde?
O governo aprovou em Conselho de Ministros, no início deste mês, algumas alterações à ADSE que a tornam menos atrativa aos olhos dos seus beneficiários, os funcionários públicos, os militares e os polícias.
A proposta de aumento de 2.5% para os 3.5% dos descontos para este subsistema de saúde tem estado na base das críticas.
Aventou-se logo a hipótese de quem usufruiu da ADSE poder largar o sistema com vantagens, passando a contratar seguros de saúde privados.
Compensará renunciar à ADSE e optar por subscrever um seguro de saúde?
Não. Definitivamente. Já em 2008 se falava nisso, mas nem mesmo agora é compensador.
Mesmo que ultimamente se tenha tornado menos atrativa para os seus beneficiários, a ADSE continua a constituir-se como um belíssimo seguro de saúde, porque na realidade, ultrapassa em muito as caraterísticas de tais planos comercializados pelos bancos e seguradoras privadas.
A nível da cobertura, um plano privado de saúde apresenta algumas limitações, como as relacionadas com exclusões (algumas doenças e tratamentos não são contemplados, como por exemplo, a hemodialise, a quimioterapia, a fisioterapia); períodos de carência (para algumas das coberturas, os subscritores têm que respeitar um período inicial durante o qual não usufruem do seguro), franquias (as pessoas seguras são chamadas muitas vezes a custear alguns atos médicos além do prémio que pagam – são os chamados copagamentos), limites de capitais (para alguns atos e/ou especialidades, como por exemplo, a estomatologia, existem limites de capitais anuais – além de determinado valor, a pessoa segura deixa de estar coberta).
Estas limitações tornam ADSE e planos de saúde privados, incomparáveis.
Daí que os seguros de saúde privados, devam começar por nem ser tidos em conta, enquanto substitutos da ADSE.
Se ainda alimenta algumas dúvidas, pense nas palavras da própria presidente da Espírito Santo Saúde, Isabel Vaz, defendendo as virtudes da ADSE logo pela própria natureza do sistema.
Enquanto os seguros de saúde privados são comerciais, o sistema do Estado (a ADSE), é solidário e redistributivo, uma vez que os funcionários que ganham mais, contribuem mais para sistema do que os funcionários com menores vencimentos.
De resto, lembre-se que ao renunciar à ADSE não mais poderá voltar a usufruir desse plano. A não ser que a natureza irrevogável desta renúncia venha ser considerada pelo padrão de avaliação de Paulo Portas. Mas é melhor não contar com isso …
Razões que o devem levar a manter a ADSE
- Os seguros de saúde não são verdadeiros substitutos da ADSE.
- Mesmo que pudessem ser comparáveis, no que aos custos diz respeito, ainda assim os custos com a ADSE ficam aquém dos prémios dos completos seguros de saúde comercializados em Portugal.
- A ADSE não acaba aos 65 anos como alguns seguros.
- Os seguros de saúde têm uma duração anual. Não é garantido que no ano seguinte continue a poder usufruir das coberturas e dos prémios nos mesmos moldes dos anos anteriores.
- Um casal de funcionários públicos que tenha vários filhos, tem cobertura para todos, com os mesmos 3.75% do seu salário.